Quem é Clp ?

25 de novembro de 2022

Sou Autista e Cresci! Um relato de autismo na vida adulta.




Oi pessoal, eu estava passeando pela amazon, e notei que não tem muitos relatos sobre mentes autistas, do nosso ponto de vista, claro que eu quero dizer, relatos de brasileiras. Temos a Temple Grandi e ela com certeza é a pioneira mas muitos livros nao tem tradução e apesar de eu entender, queria deixar esse relato, para os país de crianças, adolescentes e até adultos que ainda estão perdidos ou até para nós mesmos que somos assim.

 Eu tenho uma noticia para você mãe, seu filho(a) vai crescer. Hoje pode ter limitações que você acha que vão limita lo. Mas na verdade, não vão. Isso depende de como somos apresentados ao mundo. Eu sei que quando eu era pequena eu tive muitos medos, eu fui limitada, pela minha mente sem nenhum tipo de apoio, meus pais não sabiam o que eu tinha, serio...parece que autismo começou a existir em 2017 pra o mundo hehe para o meu mundo.

Bom prazer, meu nome é Claudia, eu tenho 30 anos, nasci em 1992. Cresci e vivo no mesmo local, em são paulo capital. Eu terminei o ensino medio, e acredite isso foi um grande feito. 

Eu sou uma autista em que o laudo diz ter dificuldade em estar em meio as pessoas e se relacionar, conversar e etc. E isso é verdade em parte, esse ano foi quando eu descobri que sou autista. Mas como você pode ver com meu blogue, eu sempre soube que sou diferente. E me auto intitulava "estranha" e eu vivo em um mundo so meu o estranho mundo de clp. Bom eu possivelmente vou perder minha linha de pensamento, mas eu gostaria de saber o que falar, algo que eu possa ajudar, ou meus proprios mecanismos de sobrevivencia entre os humanos hehe que eu possa ensinar a você ou ao seu filho.

Então vou propor que você me faça uma pergunta, sei la. Algo que tenha curiosidade sobre minha mente, que possa ser parecido com a de alguem que você conhece e assim. Posso dar um exemplo do que eu fiz...

Eu vou tentar relatar coisas que eu fazia como um exemplo. Alias eu adoro fazer listas hehe. La vamos nós:

1- Eu penso em imagens. E por isso aprendi a desenhar sozinha. Eu não me comunicava muito bem, sem ter um desenho que explicasse como eu me sentia, ou meu ponto de vista. E isso criou uma ponte pra mim com as pessoas. Tive momentos realmente dificeis, na antiga quinta serie do ensino medio. Eu não entendia o que as pessoas falavam. Por que eu interpretava tudo literalmente. Isso criava situações contrangedoras pra mim, e engraçadas para os outros.

2- Me comunicava com minha irmã atravas de "fantoches". Eu cresci com minha irmã, e ela tem bipolaridade, então eu aprendi a duras penas que eu não podia ser tão sincera, ou falar o que eu queria que ela explodia. Então eu fazia uma "voz" do meu cachorro, e podia dar minha opinião ou fazer brincadeiras com ela que se fosse eu a falar, ela não aceitaria. E eu tinha até uma voz caracteristica hehe era estranho mas ela aceitava e entendia. Fizemos isso até 2011 que foi quando meu cachorro morreu...e eu ja tinha 19 anos.

3- Criando personagens para mim mesma. Eu raramente sou eu ao vivo...isso soa estranho né? Mas tem um nome e eu descobri esse ano, se chama masking ( de mascarar) Quando eu estava no segundo ano do medio, uma garota me ensinou a me maquiar, e eu achei tudo muito forçado, sentia como se aquela maquiagem pesasse no meu rosto, eu senti que coçava e fiquei esfregando meu rosto, tentando tirar meio que imediatamente. Me senti ridicula. Mas não tinha sido a primeira vez, que eu tinha me maquiado. Na época quando me maquiava ficava 5 anos mais velha hehe era como se realmente não fosse eu, uma adolescente. Eu me sentia sexy e descolada, me sentia notada. E eu não gosto disso normalmente, dentro de mim. Mas essa personagem gosta, era loucura mas, eu levei isso tão longe que, hoje essa pessoa e eu estamos misturadas. Nem eu sei como eu sou, sem estar interpretando.

4- Além de autismo, eu tenho depressão, ansiedade e esquizofrenia. Eu nem sei como explicar mais, eu fiz tantas descobertas esse ano. Então quer dizer, que as pessoas não ficam vendo "vultos" o tempo todo? E essas "cores e formas geometricas" que ficam dançando. Ué mas as pessoas não veem o mundo como que com um oculos em 3D e um veu colorido sobre todas as coisas?...foi isso que eu me questionei, quando eu vi um video de simulação para pessoas não esquizofrenicas. 

Você entende? Que o modo como meus olhos veem o mundo. É completamente diferente? Quando eu vejo algo na minha frente que esta desalinhado, eu não vejo um defeito. Parece que pra mim o mundo se entorta. Quando eu ouço fogos de artificio, é igual a quando alguem fica ao lado de uma caixa de som na balada, a noite toda. E então fica surda. Quando estou no silêncio, eu sei quem eu sou.

Em uma praça de alimentação, se eu não estiver tendo uma conversa legal, ou com alguem que eu goste, eu vou ouvir todas as vozes e sons do ambiente. Eu vou acompanhar a musica de um trailer na tv, e ouvir a fofoca na mesa do lado. Olhar para a minha companhia e saber responder o que ela perguntou.

Mas quando estou no meu quarto fazendo algo que julgo completamente agradavél e necessario, eu não vou ouvir nada, alem dos meus pensamentos... bom, talvez o ronco do meu gato do meu lado hehe.

Mas se eu estiver no tiktok ou vendo televisão no celular, esquece. Parece uma magia sugando meu cerebro... e tudo que você falar eu vou falar... O que?? o que você disse?


Meu deus, sobre o que era pra eu estar falando mesmo? Bom acho que isso que vocês leram é um mini hiperfoco... as vezes quando falo de algo de que entendo muito, que no caso é minha mente. Eu simplismente entro em frenezi, e não consigo parar.

Essa é a primeira, talvez unica parte desse relato. Se quiserem uma continuação façam comentarios ou perguntas.

Até mais.

3 comentários:

  1. Oi Cláudia, gostei muito do relato. Particularmente eu sempre gostei muito dos seus textos e dos assuntos que você trazia aqui e no Creepy World. Como eu até já comentei antes os seus blogs foram os que mais me motivaram a buscar histórias de terror na literatura (principalmente Stephen King) e nas creepypastas da internet (aliás, saudade da época em que a internet era cheia de blogs de creepypasta, bons tempos). Ou seja, para mim e para muitos outros eu acho que a sua mente diferente e criativa foi uma influência muito boa.

    Pensei em algumas perguntas para te fazer. Mas claro, responde só se você se sentir confortável.

    1 - O que te inspira a escrever, desenhar ou criar qualquer tipo de obra? Você sente que é algo que já está dentro de você ou a ideia vem quando você passa por algum acontecimento ou experiência no seu cotidiano?

    2 - Você disse que descobriu que tem autismo há pouco tempo, como foi essa descoberta? Foi com algum profissional da área ou você descobriu por conta própria?

    3 - O que você recomenda para uma pessoa descobrir se ela tem autismo, ansiedade, depressão ou esquizofrenia?

    E fica aqui o agradecimento de um leitor fiel por continuar escrevendo e postando nesse blog!

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  2. Oin :) eu amo essas coisas, me lembram aquele site antigo chamado ask hehe
    Tambem sinto falta da época em que eu deixava de trabalhar (eu era auxiliar de escritorio) e ficava escrevendo histórias para os blogs;
    1- O que me inspirava antes a fazer as hitorias era fugir do ambiente toxico de trabalho, ou quando eu estava com muita raiva de algum familiar, ou pessoa. Ela ou ele se tornava um personagem e eu podia "matar" descontar meus sentimentos ruins assim. Eu desenhava antes sobre meus sentimentos, pq não sabia expressar em palavras, eu era adolescente.
    2- Eu fui alertada do meu autismo em 2017, por uma neuropsicologa, ela estava medindo a gravidade da minha depressão. E acabou achando varias outras coisas, mas ela nao se aprofundou, e disse que eu precisaria fazer outros tipos de testes. E reneguei as coisas que ela disse pq eu queria "ser normal". So vim pesquisar ano passado, quando descobri mais sobre o autismo em mulheres. Fiz uma lista e levei pra minha psiquiatra. e ela me deu um encaminhamento pra um teste neuropsicologico pra rastrear autismo. E ela achou, me deu uma anamnese, levei pra psquiatra e ela me deu o laudo.
    3- Recomendo ir no psiquiatra, e falar sobre absolutamente todas as suas suspeitas, sentimentos, coisas que vc acha estranho que vc faz, qualquer minimo detalhe.

    E eu agradeço o enteresse nos meus blogues <3 e pelo carinho.

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    1. Obrigado pelas respostas Claudia! Vou seguir sempre visitando o seu blog. Um abraço e tudo de bom!

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